
Segundo Alaistair Hanlon, vice-presidente, todas as operadoras terão de reduzir custos e monetizar a rede. Cada uma, no entanto, trilhará um caminho diverso, já que, embora o executivo veja três opções como as mais efetivas, só é possível concentrar-se em uma delas.
O primeiro modelo, cujo foco é a experiência do usuário, ofereceria planos avançados de dados e suporte técnico flexível – atuando em diversas mídias. Além disso, o investimento em publicidade precisaria ser alto – Hanlon chamou as empresas dessa categoria, como AT&T e Vodafone, de “marketing machines” (máquinas de marketing). O principal objetivo é entender o cliente e fornecer opções diversas para agradá-lo. Em Miami, por exemplo, uma dessas companhias dispõe de um plano especial em que o envio de mensagens de texto para Mexico ou Porto Rico é ilimitado.
A segunda alternativa seria agregar valor à rede, com serviços exclusivos. A Sprint foi usada como exemplo – é conhecida por seu 4G e pelo serviço de música por streaming – mas o Facebook, embora não seja da área, também foi citado. A companhia de Zuckerberg, ao lançar produtos e entrar em novos mercados – como é o caso do Places, de geolocalização, ou do Deals, de compras coletivas – não está esquecendo o que lhe é essencial – a rede social – mas somando algo a ele, e diversificando as atividades. É um processo de verticalização, que as empresas desse segundo modelo devem seguir.
O terceiro caminho a ser trilhado não tem o usuário final como público alvo, mas as empresas que oferecem planos de Internet móvel. A questão aqui é escala, eficiência e monitoramento constante. São companhias como a australiana NBN Co e a americana LightSquared, que desenvolvem a infraestrutura para conexões da próxima geração – LTE e GPON, por exemplo. Contam, geralmente, com incentivos federais, já que suas atividades podem melhorar a rede de todo um país.
Dividindo gastos

Muito se debateu sobre o quão dinâmico o mercado de telecom é, e o quanto ele foi modificado na última década. “A Apple e a Google viraram, rapidamente, gigantes do setor, mesmo sem ter sido convidadas”, disse Gelman.
Foram, de fato, das maiores responsáveis pela explosão no consumo de dados, graças a suas plataformas móveis – iOS e Android – lojas de aplicativos – App Store e Android Market – e, no caso da gigante das buscas, portais de conteúdo – YouTube, Google Maps.
A renda delas, porém, aumentou bem mais do que as das operadoras. E estas, agora que enfrentam dificuldades para arcar com o crescente tráfego de informações, buscam ajuda para pagar pela infraestrutura necessária. Naturalmente, as empresas de Steve Jobs e Larry Page não veem com bons olhos a proposta.
A questão, segundo Hanlon, é que empresas de conteúdo e hardware precisam trabalhar em parceira com as operadoras. Embora não estejam dispostas a dividir os gastos neste momento, deverão mudar de ideia quando seus serviços começarem a perder qualidade por conta do mal estado das conexões. “O que a Google fará quando seu Voice deixar de funcionar?”, questionou.
A companhia de Mountain View até tentou um acordo com a Verizon, em que, provavelmente, a ajudaria nos gastos com a Internet. No entanto, a aliança foi rejeitada por ferir a neutralidade de rede – que determina que todo o tráfego deve ser tratado da mesma forma pela operadoras. A Google, no entanto, não quer prestar auxílio para garantir uma conexão veloz ao Facebook, mas, sim, uma acesso privilegiado a suas próprias páginas.
Para Hanlon, uma possibilidade é que, se os custos serão divididos, os lucros também o sejam. Salientou, no entanto, que tudo não passa de um caminho factível, e que não pode precisar o que deverá acontecer. Por fim, lembrou da parceria da Apple com a AT&T para o lançamento do iPhone – que só foi quebrada no começo deste ano – e repetiu:
“Apple, Microsoft, Google, Nokia, por mais que sejam gigantes, não podem trabalhar sozinhas”.